Hanna Andraus
O "Efeito Batom", por definição, é uma teoria da economia que supõe que em tempos de recessão econômica, a venda de itens de luxo mais acessíveis cresce. Entre eles, está o batom. Para além de dados econômicos, essa teoria reforça a futilidade como movimento de subversão nos tempos de crise. O que é mais valioso: reajustar as velas para não cair num ciclo vicioso de estagnação financeira ou reafirmar para si que está tudo sob controle através de pequenas compras sem sentido?
Alguns estudos da Universidade de Chicago apontam que os baby boomers (pessoas nascidas entre 1945 e 1964) acumularam mais riquezas do que os millenials (nascidos entre 1981 e 1995). Isso se dá pois com o passar dos anos, o desejo por obter patrimômios e bens duráveis foi diminuindo. Se as gerações passadas estão assim, imagine a Gen Z e todas as letras posteriores. Nós, jovens dessa geração, nos acostumamos a comprar por diversão, entretenimento e nos adequarmos ao estilo do momento.
Manter uma aparência ideal em tempos de crise pode aumentar a confiança e a ascenção da estética "Clean Girl" é prova disso. Foi no crescimento dessa tendência que as maquiagens da Rare Beauty aumentaram drasticamente as vendas, pois com o design de produto minimalista, e com o estilo pessoal da dona, Selena Gomez, as pessoas aderiram facilmente à marca. A média de valor, convertido do dólar para o real, é de R$200,00 para cada item. Considerado um pequeno luxo, diversos jovens brasileiros consomem esses produtos, principalmente com a chegada da marca na loja de maquiagens de shoppings centers, como a Sephora. Um simples blush se tornou um símbolo social de status e de estabilidade.
Foto: Reprodução / Tiktok
Os pequenos luxos que mantêm nossa moral elevada podem estar nos impedindo de juntar recursos para termos uma vida confortável no futuro. Por ligarmos apenas para o agora, sermos imediatistas e sempre levados pelas últimas trends, o efeito batom, para nossa geração, não está só presente em tempos de recessão econômica, mas a todo momento. Até que ponto o “me mimei” deixa de ser autocuidado e passa a ser autodestruição?
Edição: Thyffanny Ellen e Leo Prado
Editora-chefe responsável: Bia Nascimento