Bia Nascimento
Sem conversante, contatinho ou ficante, tem muita gente por aí abolindo a intimidade sem compromisso. Não é novidade que mulheres hetero e bissexuais relatam se sentir decepcionadas com homens. Só que, nos últimos tempos, elas têm escolhido inclusive parar de ficar com eles. O público feminino, a maioria adepta desse movimento, tem chamado de “celibato voluntário” a decisão de não se relacionar sem o envolvimento romântico ou emocional.
Na década de 60, a pílula anticoncepcional foi criada ao passo que a ideia da liberdade sexual se espalhava pelo mundo ocidental. Sua criação simbolizava o desvínculo do sexo somente ligado com a reprodução, com o objetivo de fortalecer o discurso da liberdade sexual feminina. Pouco mais de meio século depois, muitas pessoas estão decepcionando aqueles que na época declararam: “Quem dorme duas vezes com a mesma pessoa faz parte do velho sistema”.
“Perdemos tanto tempo da vida colocando nossa energia nos homens que quando
a gente tira tudo deles e coloca na gente, as coisas fluem de um jeito!”.
É o que Thalyta Ester, de 25 anos, assegura depois de seis meses sem se relacionar sexualmente: “Para mim, quem escolheu o celibato, escolheu a si mesmo. Viver de ficante em ficante não é ter uma vida significativa”. A blogueira tomou a decisão depois de passar por uma decepção amorosa: “Estava ficando com uma pessoa só. Enquanto eu estava com uma pessoa só, eu descobri que essa pessoa não estava só comigo. Eu fui e saí fora, sabe?”.
Thalyta não é a única a renunciar os relacionamentos casuais depois de se frustrar. Carina Costa, terapeuta sexual há sete anos, observa como comportamento comum o medo de se machucar emocionalmente (outra vez) entre aquelas que escolhem o celibato. “A maioria dessas mulheres quer fugir exatamente das frustrações e dos traumas que um sexo casual pode oferecer”. Cintia, aos 40 anos, experimentou a não-monogamia depois de encerrar um casamento de 15 anos. Depois de todas as as rápidas relações que viveu, acredita que só os homens herdam benefícios de vivências casuais:
“Eu percebia que depois eles iam embora com outras pessoas.
Eu não não me vi valorizada, não me vi respeitada”.
Imagem: Reprodução/Redes Sociais
Nas redes sociais, diversas meninas compartilham a palavra do celibato: “essa sou eu há dois anos e não tem coisa melhor”. No Google, termos relacionados a essa prática sofreram um aumento de 450% nas buscas. Nas terapias, mais mulheres relatam a escolha de não fazer sexo. Na vida diária, a mulherada parece querer quilômetros de distância do sexo casual.
Imagem: Reprodução/Redes Sociais
Edição: Thyffanny Ellen
Editor-chefe responsável: Rodrigo Junior